Thursday, January 20, 2011

TERRA DEU NO CINECLUBE

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Escrevi ontem uma matéria no meu trabalho obre o sucesso do doc Terra Deu Terra Como nos cineclubes. Embora não goste de mistura as coisas com o Elebu, mas acho que o assunto é interessante e que pauta para alguns caminhos alternativos sobre o cinema nacional. Leia abaixo:

Sucesso de Terra Deu Terra Come aponta novos caminhos para a distribuição de documentários


Produção de Rodrigo Siqueira atraiu cerca de 8 mil pessoas a mais na rede do Cine Mais Cultura do que em circuito comercial


Gênero pouco prestigiado pelo circuito comercial, o documentário pode ter encontrado uma alternativa de distribuição e exibição dentro do circuito cineclubista. É o que mostram os números de público do premiado Terra Deu Terra Come, de Rodrigo Siqueira, exibido na rede Cine Mais Cultura em 2010. De acordo com os números oficiais da Agência Nacional de Cinema (Ancine), o documentário obteve 1,6 mil espectadores no circuito comercial, ficando na 51ª posição entre os 74 filmes nacionais lançados em 2010. Mas se fosse contar com o público nos cineclubes, pouco mais de 9 mil, o filme seria o 34º mais assistido. Somados os dois públicos, o doc. pularia para a 32ª posição.


De acordo com Frederico Cardoso, coordenador Executivo do Cine Mais Cultura, o sucesso da experiência abriu novos caminhos para a distribuição de gêneros e produções que encontram as portas fechadas no circuito comercial. “O próximo passo é tornar a experiência de Terra Deu Terra Come uma atividade sistêmica e orgânica”, disse. Os primeiros passos para lançamentos de novos filmes em circuito não-comercial, como explicou Cardoso, começaram a ser estabelecidos por meio de acertos junto com a nova gestão do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC). A parceria com a entidade ampliaria o circuito cineclubista em cerca de 200 unidades (o Cine Mais Cultura possui 821).


Terra Deu Terra Come estreou nacionalmente no dia 1° de outubro de 2010 com a estratégia inédita de ser exibido ao mesmo tempo comercialmente e no circuito cineclubista apoiada pelo Cine Mais Cultura. A produtora 7Estrelo Filmes, de Rodrigo Siqueira, enviou uma cópia em DVD do doc. a cada uma das unidades que compõe a rede. Até no dia 15 de dezembro, Terra Deu Terra Come havia mobilizado 9.053 pessoas em 184 sessões de 134 cineclubes de todas as regiões do país (média de 49,2 por sessão). É válido lembrar que a exibição do doc. foi uma recomendação do Ministério da Cultura, não uma obrigação. Cada unidade tem programações distintas e independentes. As unidades podem continuar exibindo “Terra Deu...”, condicionados apenas ao envio de relatório após cada sessão contabilizando o público presente.


De acordo com os dados da Ancine, foram lançados no ano passado 243 de filmes de ficção, 45 documentários e 13 animações no mercado brasileiro. Apesar do menor número de animações, esse gênero conquistou 18% do total do público brasileiro que freqüentou as salas de cinema, ao passo que os documentários atraíram apenas 0,4%. Com o auxílio do circuito cineclubista, os números poderiam melhores para os docs. “Tomando como base os relatórios dos 134 e podendo chegar a 821 Cines, numa projeção, podemos imaginar que o Terra Deu Terra Come pode ultrapassar os 50 mil espectadores”, explicou Frederico Cardoso. Se este número anunciado pelo coordenador se concretizasse, a produção de Rodrigo Siqueira ficaria em 17° no ranking entre os filmes nacionais. O doc. brasileiro mais assistido foi “Uma Noite em 67”, de Renato Terra e Ricardo Calil, que levou pouco mais de 82 mil às salas de cinema e ficou em 16º no ranking.

Monday, January 17, 2011

CULTURA SIM, POLITICAGEM NÃO

Que a Cultura FM é uma rádio pública todos sabem, mas que a nossa emissora está em sério processo de sucateamento desde o início da desastrosa Era Roriz, talvez, poucos saibam.

A expectativa era que, com o novo governo, isso fosse mudar. Eis que na segunda semana de janeiro de 2011, o Diário Oficial publicou a exoneração do jornalista Marcos Pinheiro, até então Diretor da Rádio Cultura responsável direto por reestruturar e reerguer a nossa emissora.

Acredito que todos saibam, porém, é sempre saudável lembrar e destacar atitudes positivas. Enquanto jornalista, Marcos Pinheiro foi o responsável por escancarar as portas do jornal Correio Braziliense para a cultura musical local e independente; faz parte do corpo de comunicação da ONG Porão do Rock; promove eventos e faz discotecagem em festas. Antes de tudo isso, foi criador e comanda o programa semanal Cult 22, na própria Rádio Cultura, há quase 20 anos, tornando de tal sorte um dos programas, em plena atividade, mais antigo do Brasil. Ou seja, o Cult 22 atravessou diferentes gestões governamentais, algo que prova um amor incondicional pela música e pela cultura de uma forma geral.

Um dos raros acertos da calamitosa gestão Arruda, foi ter nomeado o Marcos Pinheiro como o diretor da rádio pública que esse jornalista tanto ama e defende. Exonerá-lo faz parecer que tal decisão só foi tomada por duas razões: o fato do ‘Marquinhos’ ter sido indicado e tomado posse no governo anterior e/ou para dar o cargo a algum apadrinhado político-partidário. Em qualquer uma das duas possibilidades citadas, a condução de um governo que tenha por pauta a participação popular, não poderia tomar tal medida sem antes consultar a base das pessoas atendidas pela emissora (entes e agentes culturais) e sem antes analisar o fantástico trabalho de resgate da Cultura FM promovido pelo Pinheiro enquanto diretor de nossa rádio.

O seu antecessor, o também jornalista Perdigueiro, indicado por Joaquim Roriz, sob o prisma de dar mais popularidade à Rádio Cultura, mudou praticamente toda a programação, expulsou quase todos os antigos ouvintes (sem ter ganho novos fãs) e restringiu o dial da 100,9 FM a poucas vozes e acordes. Marcos Pinheiro, logo que tomou posse, tratou de desarmar a bomba, democratizar a cadeia de programas e limpar nossos tímpanos.

A nova Rádio Cultura, comandada por Marcos, deu voz e vez para todos os gostos, sem distinção de credo e sem interesse algum em agradar políticos e/ou partidos políticos. A nossa emissora voltou a respirar Cultura, a tocar música da cidade e voltou a divulgar todo tipo de eventos culturais (teatro, cinema, exposições, shows, etc) que estavam acontecendo. Era, enfim, uma rádio pública, que transmitia cultura e informação e não um sórdido balcão de negociatas políticas.

Por essas e outras, rogo que assine, divulgue e recolha assinaturas para esse abaixo assinado, o qual solicita a imediata recondução e recontratação do Marcos Pinheiro como o Diretor de nossa Rádio Cultura 100,9 FM. Outro pedido é que participem de um ato público, no dia 21 de janeiro de 2011 (sexta-feira), às 16 horas, em frente ao Palácio do Buriti, caso a reivindicação desse abaixo assinado não seja atendido até a data da manifestação.

Se você gosta de cultura, se você produz cultura, por favor assine!

Atenciosamente,

Fellipe CDC (fanzineiro, músico, produtor e poeta)

Por favor, imprima e recolha assinaturas. O abaixo assinado pode ser deixado nas lojas: Kingdom Comics (Conic, 3223-7852), Berlin Discos (Conic, 3226-3106), Porão 666 (3562-3573) ou Abriu Pro Rock (Gama, 3484-0132). Tais pontos também são locais para a coleta de assinaturas. Faça sua parte e ajude a cultura local!

CONVERSAS COM GUY THOMAS

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“Estava curtindo, até entrar a bateria. Daí fiquei entediado.”

A frase acima foi o comentário do músico/compositor/produtor Guy Thomas. Ele foi o cara que produziu a série de discos com clássicos tocados com instrumentos de brinquedos (no caso dele, muitos sintetizadores que simulavam o som desses brinquedos), produção esta que foi uma das coisas que inspiraram o Pato Fu a fazer o “Música de Brinquedo”.

Como ele também é pesquisador e dá aula de “Música Moderna” no curso de verão da UCLA, a gente acabou mantendo um contato. Às vezes eu mando algumas músicas de artistas/bandas nacionais para que ele possa apreciar e sempre tem algum comentário em cima das “mostras”. É uma troca bem legal, principalmente pela oportunidade de conversar com um cara com o currículo do Guy Thomas.

A frase acima diz respeito a “Pontual”, de Tulipa Ruiz.

“Eu gostei da Tulipa e do arranjo da música. Só achei que a bateria ficou toda errada para a música.”

Tenho uma opinião diferente. Adoro a bateria. Acho o quebrado dela um charme. Essas diferenças de opinião têm a ver com as diferentes percepções de música e sons que temos, creio eu. Por exemplo, às vezes Guy comenta que a música é “funky”, eu digo que é tropicalista. Ele não é um exímio conhecedor da música latina (muito menos da brasileira), pode-se dizer. Detalhes...

Numa última conversa, ele ficou curioso se as pessoas “da América do Sul” iriam gostar das canções que ele fez. Fui franca: “O que posso fazer é divulgar o link e deixar que as pessoas falem por si”. Tem 80 canções lá para serem baixadas de graça. Dê uma olhada e diga-me o que achou.

Tuesday, January 11, 2011

PAULO COELHO E A AGONIA PERSA

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Ao passo que sinceramente acredite que a proibição dos livros do Paulo Coelho seja uma dádiva ao povo iraniano, o chororô do escritor brasileiro bem que poderia ser melhor explorado. A população que lá vive sofre brutais censuras desde a tal revolução de 1979 que estabeleceu a república islâmica ditatorial entre os antes persas. O problema não é a religião, que isso fique claro, mas sim religiosos radicais no poder dizendo o que você pode e não pode fazer. A história mostra a merda que foi quando a igreja passou séculos de mandos e desmandos... e ainda acontece. Nosso Congresso tem bancadas de religiosos que legislam em favor de igrejas supostamente cristãs, mas que na verdade não passam de grupos de gângsteres que vivem de explorar a fé alheia.

Paulo Coelho deve pensar mesmo nas verdinhas que vai deixar de ganhar com a comercialização das bobagens esotéricas que ele adora profetizar. Mas vi que os formadores de opinião perderam uma ótima oportunidade de reforçar à população das agressões que os persas sofrem. Paulo Coelho proibido significa que o governo iraniano quer o apoio político brasileiro, quer o nosso dinheiro, se possível, mas nunca influências culturais. O veto ao escritor nacional mais rentável é uma clara demonstração disso. Internamente, isso é apenas mais um sinal que a população já privada de informação e de liberdade de expressão, pode estar vivenciando uma época de radicalização total. Não me surpreenderia se daqui a alguns anos o único livro comercializável seja o alcorão.

Lembro de uma passagem de Persépolis, de Marjani Satrapi, onde ela conta que comprava botons e fitas de artistas americanos como se fossem drogas ilegais. Um mero cartaz do Queen ou do Iron Maiden tinha de passar na inspeção dos aeroportos dentro de fundos falsos nas malas. Hoje só é possível saber das barbáries que acontecem nas ruas graças a coragem de alguns loucos que arriscam a pele para gravar imagens em celulares e mostrá-las na internet. É um país onde os homens só podem escolher entre três tipos de cortes de cabelos (autorizados pelo regime) e mulheres são condenadas a morrer com pedradas. A burca bate à porta. Proibir Paulo Coelho é só um detalhe insignificante entre tantos acontecimento. A população iraniana pede socorro há muito tempo. O mundo é que convenientemente não quer ouvir.