edição atual do elebu
@elefantebu
elefantebu@yahoo.com.br
Ao passo que sinceramente acredite que a proibição dos livros do Paulo Coelho seja uma dádiva ao povo iraniano, o chororô do escritor brasileiro bem que poderia ser melhor explorado. A população que lá vive sofre brutais censuras desde a tal revolução de 1979 que estabeleceu a república islâmica ditatorial entre os antes persas. O problema não é a religião, que isso fique claro, mas sim religiosos radicais no poder dizendo o que você pode e não pode fazer. A história mostra a merda que foi quando a igreja passou séculos de mandos e desmandos... e ainda acontece. Nosso Congresso tem bancadas de religiosos que legislam em favor de igrejas supostamente cristãs, mas que na verdade não passam de grupos de gângsteres que vivem de explorar a fé alheia.
Paulo Coelho deve pensar mesmo nas verdinhas que vai deixar de ganhar com a comercialização das bobagens esotéricas que ele adora profetizar. Mas vi que os formadores de opinião perderam uma ótima oportunidade de reforçar à população das agressões que os persas sofrem. Paulo Coelho proibido significa que o governo iraniano quer o apoio político brasileiro, quer o nosso dinheiro, se possível, mas nunca influências culturais. O veto ao escritor nacional mais rentável é uma clara demonstração disso. Internamente, isso é apenas mais um sinal que a população já privada de informação e de liberdade de expressão, pode estar vivenciando uma época de radicalização total. Não me surpreenderia se daqui a alguns anos o único livro comercializável seja o alcorão.
Lembro de uma passagem de Persépolis, de Marjani Satrapi, onde ela conta que comprava botons e fitas de artistas americanos como se fossem drogas ilegais. Um mero cartaz do Queen ou do Iron Maiden tinha de passar na inspeção dos aeroportos dentro de fundos falsos nas malas. Hoje só é possível saber das barbáries que acontecem nas ruas graças a coragem de alguns loucos que arriscam a pele para gravar imagens em celulares e mostrá-las na internet. É um país onde os homens só podem escolher entre três tipos de cortes de cabelos (autorizados pelo regime) e mulheres são condenadas a morrer com pedradas. A burca bate à porta. Proibir Paulo Coelho é só um detalhe insignificante entre tantos acontecimento. A população iraniana pede socorro há muito tempo. O mundo é que convenientemente não quer ouvir.
No comments:
Post a Comment