Thursday, December 23, 2010

ADOLESCENTES PARA ADULTOS

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ADOLESCENTES PARA ADULTOS

Eu gosto muito de filmes e seriados com personagens adolescentes. Claro que hoje vejo filmes como “Clube dos Cinco” com outros olhos, ou me prendo muito mais ao fator diversão em produções como “Garotas Malvadas”, do que a temática e draminhas propriamente ditos – continuo achando “Juno” o máximo em vários sentidos, no entanto.

Adolescentes dão lucro. É um público gigantesco que consome mais do que deve ou o que tem. Não apenas isso, as histórias que os envolvem não passam de “mais do mesmo”, contudo, elas acabam por ser uma boa fonte de entretenimento para o público adulto. Hollywood sabe explorar esse filão como ninguém. Mas a indústria nacional parece não saber lidar com o adolescente.

Oras, qual o produto nacional mais significativo voltado para o público em questão: Malhação. E qualquer coisa estrangeira de qualidade duvidosa costuma ter boa aceitação entre os adolescentes. Até hoje eu não entendo como uma porcaria como Rebelde conseguiu tanta audiência. Daí eu alegar que uma coisa dessas só pode acontecer por falta de oferta.

Na televisão, produções que tenham adolescentes são poucos e ruins, mas eles existem. No cinema, o problema é bem maior. Certa vez entrevistei o diretor e roteirista Jorge Furtado. Entre os assuntos abordados, perguntei sobre os filmes com temáticas jovens (ele é o diretor de “Houve Uma Vez Dois Verões” e “Meu Tio Matou Um Cara”). A resposta dele foi mais ou menos ao sentido de que ele gostava de personagens jovens, mas não necessariamente de filmes adolescentes. É mais ou menos essa mentalidade que norteia a maior parte dos cineastas a julgar pelo que aparece nas telas de cinema. E sim, eu gosto de boa parte desses filmes, talvez por esse motivo.

Soube que “As Melhores Coisas do Mundo”, de Lais Bodanzky, era a exceção. Que era de fato um filme adolescente para o público adolescente e com linguagem adolescente. Fui assistir à peça rara. O que vi foi um roteiro comum com linguagem sofrível – quando era adolescente eu falava tanta gíria assim? Creio que não. Adolescente brasileiro não sabe falar português. Embora a história tenha sim passagens interessantes e coloque boas discussões, os atores jovens incomodam um bocado. Teria sido eles selecionados pelo Orkut? Parece que sim.

Minha conclusão é que eu penso um bocado como Jorge Furtado. E também uma realização: os produtores norte-americanos pensam um bocado como Jorge Furtado.

Alguns trailers:

- As Melhores Coisas do Mundo

- Juno

- Houve Uma Vez Dois Verões


POSTADO POR DJENANE ARRAES

Wednesday, December 15, 2010

ELEFANTE BU #31 - SECOS & MOLHADOS EM 2008

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ELEFANTE BU #31 – SECOS & MOLHADOS EM 2008

Nem lembro mais o que escrevi no editorial da edição #31, de 2008. Não costumo reler as coisas que fiz. Tenho uma gastrite crônica e não preciso de mais essa irritação por erros antigos. E essa edição tem um monte, posso garantir.

Ainda assim, decidi relançar o Elebu #31 por ser uma das edições mais importantes que consegui produzir: justo esta que não tinha uma “hospedagem” e vivia “empoeirada” nos arquivos obscuros do meu computador ou mesmo dos leitores/amigos mais antigos.

Também não sei mais como surgiu a ideia de se fazer uma reportagem especial sobre os lendários Secos & Molhados, mas deu um trabalho interessante. Consegui entrar em contato com as duas forças opostas dentro da banda, João Ricardo e Gerson Conrad, e colocá-los numa mesma edição. Isso me deu a sensação de que finalmente estava apta a realizar a matéria que quisesse. Foi um marco pessoal.

Outra coisa que me marcou muito foi a diagramação. Oras, se eu tinha conseguido o mais complicado, que era falar com esses lendários da música nacional, então teria de colocá-los dentro de um visual à altura do evento. Não digo a edição inteira, mas até hoje acredito que a diagramação da matéria dos Secos & Molhados foi o meu melhor trabalho nesse sentido.

Antes do Elebu voltar em 2011 com uma nova proposta gráfica, não é nada mal recordar a proposta mais antiga do zine, anterior às edições deste e do ano passado.


POSTADO POR DJENANE ARRAES

Tuesday, December 14, 2010

GLOBO DE OURO OU OURO DE TOLO?

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GLOBO DE OURO OU OURO DE TOLO?

Sobre as indicações do Globo de Ouro, não vou comentar sobre os filmes. Entre os indicados, só assisti “A Origem” (na categoria drama) e “Alice no País das Maravilhas” (na categoria comédia). Do primeiro, eu não gostei. Do segundo, achei bacana, mas está longe de ser merecedor de qualquer indicação a prêmios, sobretudo um com o peso e a tradição do Globo de Ouro.

Mas dei uma passada nos comentários de alguns jornais internacionais, como o The Guardian (UK) e The New York Times (US). Posso dizer que os jornalistas foram conservadores e o público que comentou não teve o mesmo pudor e achincalhou. As indicações de “O Turista”, Angelina Jolie e Johnny Depp foram os personagens principais das melhores piadas/críticas elaboradas pelos leitores.

A minha praia aqui são as séries de TV. De todas as indicadas, só não vi “Boardwalk Empire”, capitaneada por Martin Scorsese e Mark Wahlberg. A crítica em cima dela é a melhor possível, é bom mencionar. Quando baixar alguma coisa dela, volto a comentar.

Quando as demais, digo que a Associação da Imprensa Estrangeira – cujo um dos integrantes é uma das minhas referências no jornalismo Ana Maria Bahiana –, foi preguiçosa e conservadora. Algumas indicações se repetem há várias edições:

- Mad Men

- 30 Rock

- Tina Fey

- Dexter

- Steve Carrel

- Alec Baldwin

- Kyra Sedgwik

- Toni Collete

- Michael C. Hall

- Hugh Laurie

- Julianne Maguiles

- John Hamm

Etc, etc, etc

Estou de acordo com as nomeações de Modern Family para melhor atriz (Sofia Vergara) e ator coadjuvante (Eric Stenestreet) e para melhor série de comédia ou musical. A lista também seguiu algumas tendências já apontadas no Emmy quando Edie Falco venceu pela nem tão popular assim Nurse Jack, surpreendendo as então favoritas Lea Michele e Tina Fey.

Acho importante também dar destaque a algumas preferências populares. Nesse sentido a presença de Jim Parsons (The Big Bang Theory) foi merecida ao mesmo tempo em que atende a audiência, afinal, trata-se de uma das séries de maior audiência da TV aberta estadunidense na atualidade.

Mas nem sempre o quesito popular vem fazer justiça pelo merecimento. A indicação de Glee foi preguiçosa e equivocada. Embora aceite Jane Lynch na categoria de atriz coadjuvante (apesar de achar que ela é uma caricatura dela mesma nesta segunda temporada) e Lea Michele como melhor atriz de comédia/musical (por ter o melhor repertório de expressões faciais que já vi, além da belíssima voz), a indicação de Matthew Morrison pra melhor ator foi ridícula. Se no lugar dele estivesse Chris Colfer, eu aceitaria, porque Glee também pode ser chamado de “The Kurt Show”, o personagem do ator, que está indicado a coadjuvante.

Comemoro a indicação do hype The Walking Dead para melhor série dramática. Sem meias palavras, a série é fodíssima. O primeiro capítulo foi a coisa mais sensacional que vi na televisão norte-americana desde o episódio piloto de Lost. Acho ainda que em muitos aspectos o piloto de The Walking Dead foi muito superior. Considero que a não-indicação de Andrew Lincoln par melhor ator foi um absurdo. Ele interpreta com competência e equilíbrio impressionantes o personagem principal, o policial leal e, de certa forma, ingênuo, Rick Grimes. Lamentável que ele tenha perdido lugar para John Hamm (Mad Men) ou mesmo Hugh Laurie (que entrou no piloto automático na pele do médico dr. House).

Há, claro, alguns esquecimentos. O mais sentido por mim foi a ausência de How I Met Your Mother justo na temporada que a série recupera a graça e o brilhantismo. Ela ficaria muito bem se estivesse no lugar de Glee entre os indicados. Outro ponto que achei lamentável é desconsiderar Smallville. É verdade que indicá-la para melhor série poderia ser algum exagero apesar de estar em seu melhor momento. Erica Durance está um show. É a melhor Lois Lane da história e isso precisa significar alguma coisa. Cassidy Freeman, na pele de Tess Mercer anda merecendo muito mais do que Hope Davis ou mesmo a própria Jane Lynch.

No mais, a lista do Globo de Ouro está mais pra “Ouro de Tolo”: repetições de si mesmo com algumas pinceladas do que se vê no Emmy. Nada entusiasmante.

POSTADO POR DJENANE ARRAES

P.S.: Ana Maria Bahiana, no Twitter, também não se mostrou feliz com a lista. Isso é muito positivo!

P.S.2.: Sobre o post anterior, da ópera rock, Cichetto disse que a galera pode pedir o disco e o livreto sobre a peça. O e-mail dele é esse daqui: barata.cichetto@gmail.com


JAZZ E ÓPERA ROCK

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JAZZ E ÓPERA ROCK

Algumas coisas que chegaram pelo e-mail nesses últimos dias:

“Regra de Três lança quatro músicas inéditas para download gratuito no projeto Trios Brasileiros”.

O título refere-se a banda assessorada, claro, mas esse projeto de veia jazzística também integra o Nenê Trio e o Triálogo. Achei a iniciativa do projeto muito interessante, sobretudo porque dá visibilidade a grupos brasileiros do gênero musical que está no mercado há muito tempo e a ente não conhece porque não chega à mídia ou por não pesquisar valores relativos ao jazz.

No site há vídeos e todas as quatro músicas gratuitas para escutar sem precisar de download, além daquele resumo básico dos trios participantes do projeto. E como as músicas são longas (acima de cinco minutos), criam ambiente perfeito para trabalho dentro do mundo corporativo ou, sei lá, outra coisa que imagino é chegar em casa, talvez um apartamento de um prédio alto de São Paulo, e começar a tomar whisky e fumar charuto. Bom, eu não moro em São Paulo, muito menos num apartamento, não bebo whisky e nem fumo... mas não deixa de ser uma visão interessante que o jazz (música que considero muito masculina) traz.

O site é esse DAQUI

Outra informação que chegou pelo e-mail veio do Luiz Carlos “Barata” Cichetto.

Ele está com um projeto em curso de uma ópera rock chamada “Vitória, ou a filha de Adão e Eva” feita junto com o maestro Amyr Cantusio Jr (Alpha III). O projeto deve ser lançado no início desse ano que entra (2011, meu povo), mas, neste momento, o que eles precisam mesmo neste projeto é, entre outras coisas, espalhar a notícia.

Esse é o resumo da ópera, nas palavras o próprio Cichetto:

"Vitória, Ou A Filha de Adão e Eva" é uma "Opera Rock" que conta em 33 temas a história de uma mulher chamada Vitória de Tal, filha de Adão, um ex-interno de reformatórios que se transforma em pastor evangélico, tendo antes cometido vários crimes, entre os quais o estupro de Eva, uma prendada e estudiosa filha de uma costureira. Vitória nasce num bordel e é criada também em um reformatório. A partir daí, cedo se transforma em uma alcoviteira milionária que busca á qualquer custo mais que dinheiro e prazer, aquilo que a humanidade mais almeja: a felicidade. São 18 personagens que ao logo dos temas interagem com Vitória tecendo um clima de paixão sem limites, amores não concretizados, tragédias morais e sociais. O pano de fundo é a hipocrisia social, que transforma o caráter das pessoas, além da busca incessante da felicidade a qualquer custo.

"Vitória" tem citações claras a fatos da musica pop e da política e acontece exatamente num período que compreende o inicio dos anos 1960 e 2010, sendo que o período de vida da personagem principal é de 33 anos e 1/3, uma metáfora com a velocidade dos LPs de vinil. E em breve o mundo conhecerá "Vitória".

O site da ópera é ESSE.

Confira e ESPALHE A NOTÍCIA!!!

POSTADO POR DJENANE ARRAES


Saturday, December 11, 2010

BELO AEROCIRCO

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BELO AEROCIRCO

Eu não lembro mais como foi que o Maurício Peixoto chegou até a mim, ou se aconteceu o contrário. O que penso é que sou grata por esse encontro virtual. Foi por meio do Maurício que tive acesso a mp3 de canções da Aerocirco: uma das bandas mais interessantes do indie nacional e que, não sei qual razão, vejo poucos comentários sobre o quarteto. Ou talvez eles existam em massa e eu não soube porque me afastei um pouco mais deste universo no decorrer do ano por razões que discutirei depois na edição do Elebu.

Mais cedo no ano recebi a correspondência de Peixoto, que toca guitarra e teclado na banda, com o disco “Invisivelmente” em SMD. Um material muito caprichado com um encarte separado com as letras das músicas e um pôster dos integrantes. A arte é em cima de um desenho de tecido de textura grossa (pelo menos é essa a sensação) com estampa de desenhos aleatórios. Achei de grande bom gosto. Não comentei a respeito do disco na revista – Rodrigo Daca já havia feito um texto muito bacana a respeito na coluna dele no Elebu –, mas posso registrar minha opinião aqui no blog.

“Invisivelmente” é uma peça rara entre os indies. As letras são pop puro, com tudo que você pode esperar de algo do tipo: assoviável, fácil memória, refrão bacana. O que não se espera do gênero, e o quarteto apresenta no disco, é a boa unidade, a qualidade na simplicidade, a boa produção. Fui apresentada por Peixoto a dois singles antes do lançamento de “Invisivelmente” (esses eu comentei no Elebu): “Não Leve a Mal” e “Faz de Conta”. Essas duas canções são perfeitas como produto pop.

O disco traz outras coisas muito boas. Eu vi que o bom nível estava intacto logo na faixa de abertura “Última Estação”. Gosto da progressão de emoções caracterizadas por aquelas músicas que começa com baixo e os demais instrumentos vão entrando em cena numa graduação até consolidar a parede sonora. Ok, falando assim soa clichê, mas garanto que o resultado foi muito feliz. Tem os momentos que não aprecio tanto assim, o que é natural em qualquer obra.

Passados meses, esse disco continua a ser uma presença freqüente no meu playlist. Procure conhecer que vale mesmo a pena.

Ouça aqui

POSTADO POR DJENANE ARRAES

Friday, December 10, 2010

EVENTOS, EVENTOS!

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EVENTOS, EVENTOS!

A Rúbia Cunha me mandou uma "agenda cultural" interessante e diversificada do Festival Rolla Pedra, em Brasília. Olha só:

PROGRAMAÇÃO
Hoje, a partir das 18h
The Squintz, Os Maltrapilhos, Underpain, Red Old Snake, Elffus, Estamira, Flashover, Optical Faze, Deceivers, Moretools, Harllequin, Dynahead, Madame Saatan (PA), Galinha Preta e convidados, DFC, Lobotomia (SP), Khallice e Soulspell Metal Opera (SP).

Amanhã, a partir das 16h
Turrón Presidencial, Valdez, Os The Los, Darshan, Nonato Dente de Ouro & O Esquadrão de Ébano, César de Paula e Projeto S.A.mbalance, Besouro do Rabo Branco, Johnny Suxxx and the Fucking Boys (GO), Janicedoll, Orgânica (SP), Watson, Suíte Super Luxo, Trampa, Etno, 10zer04, Camarones Orquestra Guitarrística (RN), Porcas Borboletas (MG), Ellen Oléria e Móveis Coloniais de Acaju.

Domingo, a partir das 16h30
Rebel Shot Party, Electrodomesticks, Tiro Williams, Los Torrones, Brown-Há, Pedrinho Grana e os Trocados, Dissônicos, Os Dinamites, Sapatos Bicolores, Os Gramofocas, Lucy and the Popsonics, Little Quail and the Mad Birds e Plebe Rude.

Festival Rolla Pedra: Música de Brasília
De hoje a domingo, na Esplanada dos Ministérios, ao lado do Teatro Nacional. Entrada (por dia): 1kg de alimento não perecível. Informações: www.rollapedra.com


E o Marcos Pinheiro avisou que vai ter edição de festa de aniversário de 19 anos do Cult 22 em Taguatinga. O serviço é esse:

Sábado, dia 11 de dezembro, às 22h, no América Rock Club (QS 3, Pistão Sul de Taguatinga).
Quarta e última festa da série em comemoraç
ão aos 19 anos do programa Cult 22 (Rádio Cultura FM, 100,9MHz)
Rock de todos os tempos sob o comando dos DJs Marcos Pinheiro, Abelardo Mendes Jr. e Penny Lane + telão com videoclipes.
Entrada: R$ 8,00 (até 0h) e R$ 12,00 (após).
Classificação: 18 anos
Mais informações: (61) 9972-9826 ou
www.cult22.com

Mas o que mais gostei foi do cartaz da festa. A foto de Fernanda Takai na fase solo ficou massa!
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Thursday, December 9, 2010

VIVA A TROPA COMERCIAL

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VIVA A TROPA COMERCIAL

A lógica da indústria fonográfica costumava ser: venda 1 milhão de discos do Amado Batista, Luiz Ayrão, Paulo Sérgio e todos esses artistas populares que rendem muito dinheiro. Aí então, com os caixas cheios, é possível perder dinheiro com algum disco genial do Caetano Veloso ou dos Mutantes que só vai ser verdadeiramente apreciado daqui a 20 anos. Irônico? Cínico? Mas era em cima dessa realidade que as gravadoras trabalhavam. E sim, ninguém da MPB que hoje é venerada era campeão de vendas, salvo os Secos e Molhados.

Interessante é que a lógica do cinema brasileiro nunca foi assim – na verdade é quase o inverso – até porque não existiu uma indústria sólida e duradoura para que parâmetros fossem estabelecidos. As produções brasileiras, principalmente depois da “retomada”, dependem da grana do Estado por meio das leis de incentivo. Acho que, por isso mesmo, os cineastas nacionais nunca ligaram tanto assim para se fazer um filme comercial do tipo arrasta quarteirão. E os que fazem, acabam por serem criticados pela classe intelectual (de girico).

Não penso dessa forma. Defendo todos os “Se Eu fosse Você”, “Os Normais”, “A Grande Família”, “Alto da Compadecida”, “Trapalhões”, mesmo sabendo que são produtos que não passam de extensões da cultura do folhetim Global. É que acredito na ilusão de uma indústria cinematográfica nacional e esta só poderia existir na medida em que dependesse menos do governo e fosse mais atrelada ao empresariado. O lucro, pessoal, traz investimento em tecnologia, em formação de mão de obra especializada (não apenas de artesãos do audiovisual), surgem cursos acadêmicos mais fortes e tudo mais.

Mas e a qualidade? Não é porque o produto seja comercial que ele não possa apresentar qualidades e provocar reflexões sociais e etc. Está aí “Tropa de Elite 2” para provar. O filme dirigido por José Padilha tem quebrado uma série de dogmas e construindo novos paradigmas desde a mega estréia em 600 salas de cinema negociando com uma produtora que não é subsidiada a nenhuma distribuidora major hollywoodiana. Poderia ter sido muito mais? Claro! O próprio diretor defendeu que os filmes nacionais devem investir em marketing, cobertura midiática, que se inspirassem no modelo americano de se fazer este negócio. José Padilha disse que estudou o lançamento de “Harry Potter” em entrevista a Folha de S. Paulo.

E qual o resultado disso: “Tropa 2” bateou “Dona Flor” nesta semana e tornou-se o filme nacional mais visto na história. Um feito considerando que hoje se têm menos poltronas do que na década de 1970, ingressos mais caros, pirataria, internet e diversos outros obstáculos. Foram 36 anos para que o feito fosse realizado. É tempo de mais. E quando foi possível fazê-lo: quando se deixou de ter vergonha de encarar a obra também como um negócio que exige agressividade e muita capacidade profissional. José Padilha pensa que se outros filmes nacionais, os que tiveram grande bilheteria, tivessem seguido a mesma lógica, talvez as bilheterias fossem superiores. Estou com ele.

“Tropa 2” é, na minha opinião, como a união das duas lógicas condicionantes de investimento da indústria fonográfica. José Padilha se apropriou da linguagem comercial e universal do cinema estadunidense, adaptou isso para a realidade nacional e ainda colocou em seu produto uma qualidade que vai ser lembrada e celebrada nos próximos 20 anos. Que o cinema brasileiro incorpore essa lição e deixe de “frescura”: cinema comercial é necessário e pode ser feito com nossas próprias pernas.

POSTADO POR DJENANE ARRAES

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CineEsquemaNovo 2011

Falando em cinema, o pessoal que quiser enviar suas artes audiovisuais no CineEsquemaNovo 2011 – Festival de Cinema de Porto Alegre, as inscrições vão até o dia 17 de janeiro. Regulamento e ficha de inscrição estão NESTE ENDEREÇO. A premiação para as mostras competitivas será em dinheiro.

O CEN 2011 acontece entre os dias 23 e 30 de abril. A proposta do festival é “estimular o exercício da autoria e da pesquisa de linguagem na produção independente contemporânea. E diz o release:

“Como em todas as edições anteriores do festival, o CEN 2011 valoriza diferentes gêneros de filmes e técnicas de realização, sem distinção de formatos ou finalização. Assim, são bem-vindas desde produções realizadas em mídias domésticas (celulares, câmeras fotográficas, vídeo digital, VHS...), até as consagradas películas. Para o CEN, elas são caminhos e exemplos de diversidade criativa na tela, e não limitadores impostos por questões externas à idéia e a produção.

(...)

Podem ser inscritos até o dia 17 de janeiro de 2011 filmes de curta, média e longa-metragem. (...) Podem participar produções realizadas no Brasil por brasileiros ou estrangeiros, ou ainda no exterior por brasileiros.

Além da seleção para as mostras competitivas do festival, os filmes vão concorrer a prêmios em dinheiro: melhor longa (R$12 mil), melhor curta ou média-metragem (R$ 5 mil). Também serão premiados os melhores filmes eleitos pelo público do CEN e pelos alunos da Oficina de Crítica que será realizada durante o encontro.

...

FESTIVAL DE CINEMA POLONÊS

Está rolando no Cine Brasília, até o dia 14 de dezembro o Festival de Cinema Polonês. São duas sessões diárias de filmes diferentes sempre às 19h e 21h. A entrada é franca. Veja a programação:

10/12

- O Jardim de Luíza

- Garotas de Shopping

11/12

- A Pequena Moscou

- Quanto pesa um Cavalo de Tróia?

12/12

- Uma Árvore Mágica (infantil)

- General Nil

13/12

- A Pequena Moscou

- Garotas de Shopping

14/12

- O jardim de Luíza

- Ursinho (mostra especial)

Wednesday, December 8, 2010

DEUS GLEE ME LIVRE

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DEUS GLEE ME LIVRE

A minha relação com a série Glee, criada por Ryan Murphy, se parece com o verso de Meninos e Meninas, da Legião Urbana: “acho que te amava/ agora acho que te odeio”. Não se trata, no entanto, de frustração de fã cujo personagem favorito seguiu um caminho diferente do desejado. Há muitos casos assim, mas não é o meu. Ou pelo menos não é apenas esse. A raiva maior está mais para: “olha só, vocês me viciaram num enlatado, depois revelaram a droga pesada que ele é”. Chegou ao ponto de que quando percebi na armadilha que caí, era tarde demais porque estava condicionada. Curar-me deste vício pode ser mais complicado do que foi o meu desligamento às séries Lost e Heroes – esta última nem tão complicada assim –, mas talvez a síndrome de Ryan Murphy em estragar as próprias séries, as sequências de números musicais ruins, a falta de história e este artigo me ajudem no processo.

Começo a falar sobre o que me prende ao seriado: condicionamento. Só pode. A primeira metade da primeira temporada de Glee foi algo estrondoso. Estava ali um musical “high school” que era o oposto do High School Musical da Disney. Em vez dos adolescentes pudicos, assépticos, populares e alienados, Glee oferecia o mundo dos “underdogs”, dos rejeitados, dos perdedores. Ainda assim, esses tipos estranhos tinham talento de verdade. O gancho era sensacional e ficava ainda melhor quando aliado a grandes apresentações de clássicos do rock, do pop, da Broadway (antigos ou recentes). Era a melhor definição do “bom pra ver e cantar junto” com o bônus de um roteiro ágil e inteligente.

Os personagens também eram desafiadores. Oras, em qual seriada uma protagonista egomaníaca irritante quase paranóica (Rachel Berry/Lea Michele) e uma antagonista de atitudes nazistas (Sue Silvester/Jane Lynch) seriam igualmente amadas? Lógico que havia os estereótipos, mas estavam dentro do aceitável. Prova do começo arrebatador foi o Globo de Ouro de melhor série de comédia ou musical e mais alguns outros.

A série entrou numa indesejável montanha russa a respeito da qualidade das histórias a partir da segunda metade da primeira temporada. Em contrapartida, os índices de audiência só aumentavam. Talvez esse tenha sido o grande mal de Ryan Murphy: vendeu a alma ao diabo em favor da fama. Só pode! Mas os críticos (sempre eles) começaram a entender os chamados “haters” e as falhas que os ditos apontavam, mas ninguém dava crédito. A primeira grande derrota de Glee (e o primeiro grande sinal de que a luz estava amarela) foi quando a série perdeu o Emmy para a hoje também irregular Modern Family – mas que fez uma primeira temporada sem falhas.

E veio a segunda temporada de Glee.

Tenho o hábito de ver ao vivo pela internet a maior parte das séries que acompanho. Se acho o episódio, no mínimo, aceitável, faço o download logo depois para gravar e assistir de novo em outras ocasiões. É assim com Smallville, House, Grey’s Anatomy, Misfits, How I Met Your Mother... mas não está sendo assim com Glee. São 10 episódios transmitidos até o momento dos quais só fiz o download de cinco. É que a outra metade é tão porcaria que não conseguiu atender nem mesmo a minha pouca exigência.

As histórias que já não prezavam pela continuidade viraram um samba do crioulo doido com convidados especiais ou temas. Bom, a comparação é infeliz, porque o samba do crioulo doido ao menos é engraçado apesar do nonsense. Glee ficou sofrível. Rachel Berry teve sua personalidade assassinada, Sue Silvester virou caricatura de si mesma e até mesmo a personagem “uma fala arrebatadora”, Brittany, tornou-se uma criatura infantilizada, quase patética – imagine uma pessoa com idade mental de seis anos que as pessoas acham adorável, ainda assim se aproveitam para fazer sexo... perturbador. Os personagens masculinos são idiotas chauvinistas que ninguém contesta, e a grande estrela agora é Kurt Hummel (Chris Colfer), o alterego de Ryan Murphy.

Há também casos de “um peso, duas medidas” que incomodam um bocado. O maior enredo até agora (se é que se pode considerar assim) foi o caso de bullying cometido contra Kurt – que é gay. Isso foi motivado pelo caso do adolescente gay que cometeu suicídio nos Estados Unidos. Até aí, perfeito. Acho que as séries devem cumprir um pouco desse papel de alertar a sociedade para alguns temas e ajudar a derrubar preconceitos, tal como acontece com o “lado de utilidade pública” das novelas Globais. Mas porque o bullying é condenado para Kurt e não para Rachel, que sofre do mesmo mal praticado por todos os integrantes do coral e mais alguns? Essa e outras hipocrisias surgidas da incoerência no roteiro da série incomodam bastante. Se é pra discutir um tema polêmico e delicado, que se faça direito!

A falta de qualidade está tão gritante que a única coisa que justifica o fato de eu continuar assistindo e gastando as minhas digitais neste texto (talvez o seu tempo) é o condicionamento. Glee é uma série que tornou-se não-ignorável pela relevância pop que tem na atualidade. Ver torna-se uma obrigação. Outro ponto é a mania de ler as críticas no dia seguinte só para não me sentir tão só em relação aos meus resmungos. E as minhas impressões costumam estar em sintonia com a dos colegas estadunidenses. Isso é reconfortante, de certa maneira.

Mas agora que a série vai entrar em hiato e só vai voltar a ser exibida em fevereiro. Talvez essa seja a minha chance de aproveitar o tempo e chutar o balde de Glee num golpe tão potente que pode me fazer deletar os cinco intrusos gravados no computador. Quem sabe este é o meu último texto sobre o assunto? Assim espero.

O que está legal em Glee:

- as cenas protagonizadas por Santana (Naya Rivera) e as falas dela que são puro despeito;

- as expressões faciais de Lea Michele (essa moça tem um repertório inacretidável).

O que está ruim em Glee:

- todo o resto.

Vale a pena ouvir:

- Valerie

POSTADO POR DJENANE ARRAES

*nenhum texto publicado no blog será aproveitado na revista.