Thursday, December 9, 2010

VIVA A TROPA COMERCIAL

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VIVA A TROPA COMERCIAL

A lógica da indústria fonográfica costumava ser: venda 1 milhão de discos do Amado Batista, Luiz Ayrão, Paulo Sérgio e todos esses artistas populares que rendem muito dinheiro. Aí então, com os caixas cheios, é possível perder dinheiro com algum disco genial do Caetano Veloso ou dos Mutantes que só vai ser verdadeiramente apreciado daqui a 20 anos. Irônico? Cínico? Mas era em cima dessa realidade que as gravadoras trabalhavam. E sim, ninguém da MPB que hoje é venerada era campeão de vendas, salvo os Secos e Molhados.

Interessante é que a lógica do cinema brasileiro nunca foi assim – na verdade é quase o inverso – até porque não existiu uma indústria sólida e duradoura para que parâmetros fossem estabelecidos. As produções brasileiras, principalmente depois da “retomada”, dependem da grana do Estado por meio das leis de incentivo. Acho que, por isso mesmo, os cineastas nacionais nunca ligaram tanto assim para se fazer um filme comercial do tipo arrasta quarteirão. E os que fazem, acabam por serem criticados pela classe intelectual (de girico).

Não penso dessa forma. Defendo todos os “Se Eu fosse Você”, “Os Normais”, “A Grande Família”, “Alto da Compadecida”, “Trapalhões”, mesmo sabendo que são produtos que não passam de extensões da cultura do folhetim Global. É que acredito na ilusão de uma indústria cinematográfica nacional e esta só poderia existir na medida em que dependesse menos do governo e fosse mais atrelada ao empresariado. O lucro, pessoal, traz investimento em tecnologia, em formação de mão de obra especializada (não apenas de artesãos do audiovisual), surgem cursos acadêmicos mais fortes e tudo mais.

Mas e a qualidade? Não é porque o produto seja comercial que ele não possa apresentar qualidades e provocar reflexões sociais e etc. Está aí “Tropa de Elite 2” para provar. O filme dirigido por José Padilha tem quebrado uma série de dogmas e construindo novos paradigmas desde a mega estréia em 600 salas de cinema negociando com uma produtora que não é subsidiada a nenhuma distribuidora major hollywoodiana. Poderia ter sido muito mais? Claro! O próprio diretor defendeu que os filmes nacionais devem investir em marketing, cobertura midiática, que se inspirassem no modelo americano de se fazer este negócio. José Padilha disse que estudou o lançamento de “Harry Potter” em entrevista a Folha de S. Paulo.

E qual o resultado disso: “Tropa 2” bateou “Dona Flor” nesta semana e tornou-se o filme nacional mais visto na história. Um feito considerando que hoje se têm menos poltronas do que na década de 1970, ingressos mais caros, pirataria, internet e diversos outros obstáculos. Foram 36 anos para que o feito fosse realizado. É tempo de mais. E quando foi possível fazê-lo: quando se deixou de ter vergonha de encarar a obra também como um negócio que exige agressividade e muita capacidade profissional. José Padilha pensa que se outros filmes nacionais, os que tiveram grande bilheteria, tivessem seguido a mesma lógica, talvez as bilheterias fossem superiores. Estou com ele.

“Tropa 2” é, na minha opinião, como a união das duas lógicas condicionantes de investimento da indústria fonográfica. José Padilha se apropriou da linguagem comercial e universal do cinema estadunidense, adaptou isso para a realidade nacional e ainda colocou em seu produto uma qualidade que vai ser lembrada e celebrada nos próximos 20 anos. Que o cinema brasileiro incorpore essa lição e deixe de “frescura”: cinema comercial é necessário e pode ser feito com nossas próprias pernas.

POSTADO POR DJENANE ARRAES

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CineEsquemaNovo 2011

Falando em cinema, o pessoal que quiser enviar suas artes audiovisuais no CineEsquemaNovo 2011 – Festival de Cinema de Porto Alegre, as inscrições vão até o dia 17 de janeiro. Regulamento e ficha de inscrição estão NESTE ENDEREÇO. A premiação para as mostras competitivas será em dinheiro.

O CEN 2011 acontece entre os dias 23 e 30 de abril. A proposta do festival é “estimular o exercício da autoria e da pesquisa de linguagem na produção independente contemporânea. E diz o release:

“Como em todas as edições anteriores do festival, o CEN 2011 valoriza diferentes gêneros de filmes e técnicas de realização, sem distinção de formatos ou finalização. Assim, são bem-vindas desde produções realizadas em mídias domésticas (celulares, câmeras fotográficas, vídeo digital, VHS...), até as consagradas películas. Para o CEN, elas são caminhos e exemplos de diversidade criativa na tela, e não limitadores impostos por questões externas à idéia e a produção.

(...)

Podem ser inscritos até o dia 17 de janeiro de 2011 filmes de curta, média e longa-metragem. (...) Podem participar produções realizadas no Brasil por brasileiros ou estrangeiros, ou ainda no exterior por brasileiros.

Além da seleção para as mostras competitivas do festival, os filmes vão concorrer a prêmios em dinheiro: melhor longa (R$12 mil), melhor curta ou média-metragem (R$ 5 mil). Também serão premiados os melhores filmes eleitos pelo público do CEN e pelos alunos da Oficina de Crítica que será realizada durante o encontro.

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FESTIVAL DE CINEMA POLONÊS

Está rolando no Cine Brasília, até o dia 14 de dezembro o Festival de Cinema Polonês. São duas sessões diárias de filmes diferentes sempre às 19h e 21h. A entrada é franca. Veja a programação:

10/12

- O Jardim de Luíza

- Garotas de Shopping

11/12

- A Pequena Moscou

- Quanto pesa um Cavalo de Tróia?

12/12

- Uma Árvore Mágica (infantil)

- General Nil

13/12

- A Pequena Moscou

- Garotas de Shopping

14/12

- O jardim de Luíza

- Ursinho (mostra especial)

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